19/08/13 18:33 - Notícias
19 de agosto de 2013
“A ação do adulto é complexa e
refinada. Requer descentramento e escuta para que as crianças tenham o tempo
necessário para se expressar. O tempo delas é diferente do nosso. É preciso
focar menos em – o quê? e mais – no como as crianças fazem”. Esta foi uma das
falas proferias pelo professor Aldo Fortunati, presidente do Centro de Pesquisa
e Documentação sobre a Infância – La Bottega di Geppetto, da Prefeitura de San
Minato/Itália, e Vice -Presidente do Gruppo Nazionalle Nidi Infanzia.
O evento: durante a Conferência: Diálogos
Internacionais sobre a Experiência com as Crianças em San Miniato/Itália,
promovido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em parceria com a Avante
– Educação e Mobilização Social e a Faculdade de Educação da UFBA, no último
dia 15 (agosto), no Campus I da UNEB, trouxe Aldo Fortunati para falar sobre a
experiência em educação infantil de San Miniato – cidade italiana localizada na
Toscana que sofreu as mesmas influencias de Reggio Emília, outra cidade
italiana considerada referência mundial no assunto. Ambas tiveram influência da
obra do pedagogo /educador Loris Malaguzzi.
“Para quem teve a oportunidade de visitar Reggio Emilia, esta palestra
foi uma confirmação que temos muito a aprender com a experiência italiana.
Precisamos falar mais sobre o que ela nos traz como contraponto ao que hoje se
considera fundamental na educação infantil e que vem impondo uma pressão no
sentido de aferição de resultados”, diz Maria Thereza Marcilio, gestora
institucional da Avante, que esteve no evento representando a instituição.
“Durante o evento, lembrei-me de todas as pessoas envolvidas na
construção de uma educação infantil que seja um projeto da sociedade e que veja
a criança como um sujeito pleno de direitos, forte, competente, rico, sociável,
ativo e curioso”, disse Thereza ao descrever seu encantamento diante das falas
de Fortunati.
O professor Aldo Fortunati abordou a educação como um direito da
criança, como apoio ao seu desenvolvimento e crescimento plenos. “Ela não é
feita para atender a demanda de pais que trabalham. Nem é um substituto de
famílias ‘incompetentes’”, dispara. Para ele, educação é um projeto social, de
toda comunidade. E o professor é uma profissão de interesse social. E a família
é o primeiro lugar de convivência, cuidado e educação.
Sobre currículo da Educação Infantil, Fortunati ressaltou que este
instrumento é tradicionalmente pensado como: resultados a serem alcançados e
estímulos para se chegar aos resultados. E avaliar se os resultados foram
alcançados. “Ele foi muito claro ao dizer que esta é a concepção tradicional e
ela é ‘falha e burra’, pois despreza a potencialidade das crianças e transforma
o professor em um técnico aplicador”, pontua Thereza.
Para o professor a construção de um currículo para Educação Infantil deve
ir na direção contrária. “Deve construir oportunidades, acompanhar processos e
percursos, e narrar experiências, ao invés de avaliar resultados. Avaliar não é
medir um comportamento em relação a uma norma, mas documentar e recontar as
qualidades individuais das estratégias da cada criança”, disparou.
Para sintetizar o seu pensamento sobre a Educação Infantil o palestrante
trouxe cinco pontos fundamentais para a educação infantil:
1 – Organização do espaço: arquitetura, equipamentos e materiais.
2- Currículo: na perspectiva sintetizada acima
3- Prática docente como processo de construção coletiva, envolvendo
todos os profissionais que atuam no espaço de Educação Infantil. Centralidade
do papel do coordenador pedagógico.
4- Historicidade do processo educativo que compreende memória, história
e futuro.
5 – Centralidade da família como co-protagonistas do processo educativo.
Não são destinatários de políticas, usuários de serviços e menos ainda
clientes. Tem que participar da elaboração, reflexão e avaliação.
Fortunati finalizou sua fala diante de uma plateia atenta com um alerta:
“A natureza nos presenteia com possibilidades de imensa abertura nos nossos
primeiros anos e, com certeza, não o fez para que a escola homogeneizasse e
podasse esse imenso potencial. Tem que haver currículo e intenção pedagógica,
mas submetidas ao desenvolvimento e potencial das crianças, uma abertura para o
inesperado”.
Thereza aproveitou a ocasião para apresentar a Rede Nacional Primeira
infância (RNPI) por meio do vídeo/animação: Um plano nacional pela primeira
infância. Este vídeo foi promovido pela Avante quando na gestão da
Secretaria Executiva da Rede (2011/12), com o apoio do Instituto C&A. A
gestora da Avante convidou as instituições representadas na plateia para
integrar a Rede Estadual Primeira Infância (REPI – BA) e obteve muitos retornos
de desejo de adesão.
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